Pintura de Richard Hambleton, Standing Shadow - Run - 2018
Se tu sofres
Te apegas
Se tu foges
Te renegas
Se tu apontas
Te entregas
É a sombra do passado que te alucina
No que te assombra isolado, mas tu esqueces
Na dobra do passado que te amofina
É na sombra do que foi amassado que tu enlouqueces
Perambulando atroz, por cada esquina
Imploras, sedento, pelo que tu mais careces
Na tua desintegrante sina
É a dor ultrajante que inviabiliza
Na inclemente culpa que te escraviza
E quando o desequilíbrio te assalta
Cobras dos que te vitimizam
Acusando os que te aterrorizam
Tolos os que se minimizam
Nas mentiras que alucinados se enfatizam
E dentro de si eternizam
Nessa conversa secular
Com cheiro de terra morta
Onde, trôpegos, se inviabilizam
E muitos se fanatizam
Lá onde os incautos tombam
Os impróprios zombam
Castrando seus voos
Justificando que são outros tolos
Que lhes podam o arrojo
E vandalizam a alma
Sentem-se superiores
Transferindo agruras próprias para os outros
Tão crentes das mentiras
Que contam para si mesmos
É a sombra inconsciente que te enfraquece
No que te deixa insipiente e não te aquece
Na sombra do teu passado que te entristece
O que sobra de ti, foi engessado e somente te envaidece
Se te manténs refém da tua própria sombra
Negligente das tuas responsabilidades
Navegarás no escuro das ilusões hediondas
Facilmente caindo nos traiçoeiros escombros
Daqueles que, a tua volta, te assombram
Com suas dicotomias que jamais sondas
Nas raízes perversas do passado assolado
Que revolve e revolta em ondas
Que vão e vem
E afogam o teu maior bem
Por inúmeras vezes
Fostes por ti mesmo assaltado
Te deixastes desfigurado
Em sono profundo
Impunemente isolado
Sem luzes de sonhos
Dormindo atordoado
Faz a tua parte
No que te compete
No despertar da tua consciência
Não importa onde for
Aprimora a tua arte
Com competência e ética
Ama e reparte
Elabora tua singular capacidade
De criar e de ser
Ausculta a tua intuição
E reelabora a tua aflição
Entrega as tuas cartas
Escreve o teu roteiro
Pinta as tuas telas
Ama as tuas ações
Elas devem ser divinas criações
De justiça, bondade e devoção
E no caminho da sublimação
Aprimora as digressões
Dando sempre o melhor de ti
Porque para além dos teus traços
Não tens como controlar a vaidade nem o valor
Do que escrevem outros a/braços
Copyright Flavio Graff
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